Nos últimos anos a valorização excessiva da forma tem levado, principalmente mulheres, a verdadeiro sacrifícios que podem comprometer a saúde, como dietas radicais e exercícios físicos em excesso, com o intuito de conseguirem chegar ao corpo ideal.
Todo esse esforço pode acabar resultando a bulimia nervosa, uma doença que consiste na compulsão periódica de alimentos, seguida da utilização de estratégias para 'eliminar' as calorias ingeridas, podendo ocorrer por métodos purgativos (indução de vômitos ou uso indiscriminado de laxantes, diuréticos ou enemas) e não purgativos (jejuns e exercícios físicos excessivos).
A bulimia nervosa é um transtorno da alimentação que possui enquanto características fundamentais: episódios recorrentes de compulsões periódicas (ingestão de uma grande quantidade de alimentos, em um espaço curto de tempo, que dura em torno de 2 horas) e um sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio; comportamento compensatório inadequado recorrente, com o fim de prevenir o aumento de peso, como a autoindução de vômito, uso indevido de laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos, jejuns ou exercícios excessivos; ocorrência de compulsões, no mínimo, duas vezes por semana, no espaço de 3 meses; auto avaliação indevidamente influenciada pela forma e peso do corpo; o transtorno não ocorrer exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa (DSM-IV, 1995).
De acordo com estudos apontados no DSM-IV (1995) encontra-se associação da bulimia nervosa, com transtornos de personalidade, principalmente o bordeline, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, sintomas depressivos ou transtorno de humor como depressão maior e a distimia, abuso ou dependência e substâncias (álcool, estimulantes). Segundo a sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP, 1993), as pessoas portadoras dos transtornos acima citados apresentam tendências impulsivas que podem influenciar um comportamento suicida, sendo que o índice de mortalidade nos transtornos alimentares é de 10%.
Apesar da bulimia nervosa iniciar-se comumente na adolescência, ainda são poucos os estudos com essa faixa etária, embora alguns abranjam a adolescência e o início da fase adulta, buscando índices precoces de risco para o desenvolvimento da doença. O predomínio de estudos com participantes adultos talvez se deva ao fato da bulimia nervosa inicia-se no final da adolescência ou início da fase adulta, sendo o tratamento em geral procurado já na idade adulta e a maioria das pesquisas realizadas referir-se a pacientes em tratamento.
Etiologicamente as pesquisas ressaltam a complexa interação entre os fatores bioquímicos, socioculturais e psicológicos. A influência genética tem sido investigada, encontrando-se uma maior incidência de bulimia entre gêmeos monozigóticos. Outro aspecto estudado é a presença de depressão e de distúrbios alimentares nas mães de bulímicos.