segunda-feira, 9 de maio de 2011

Bulimia Nervosa: Revisão de Literatura

     Autor: Rita Aparecida Romano, Fabiana Midori - USP


      Nos últimos anos a valorização excessiva da forma tem levado, principalmente mulheres, a verdadeiro sacrifícios que podem comprometer a saúde, como dietas radicais e exercícios físicos em excesso, com o intuito de conseguirem chegar ao corpo ideal.
      Todo esse esforço pode acabar resultando a bulimia nervosa, uma doença que consiste na compulsão periódica de alimentos, seguida da utilização de estratégias para 'eliminar' as calorias ingeridas, podendo ocorrer por métodos purgativos (indução de vômitos ou uso indiscriminado de laxantes, diuréticos ou enemas) e não purgativos (jejuns e exercícios físicos excessivos).

A bulimia nervosa é um transtorno da alimentação que possui enquanto características fundamentais: episódios recorrentes de compulsões periódicas (ingestão de uma grande quantidade de alimentos, em um espaço curto de tempo, que dura em torno de 2 horas) e um sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar durante o episódio; comportamento compensatório inadequado recorrente, com o fim de prevenir o aumento de peso, como a autoindução de vômito, uso indevido de laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos, jejuns ou exercícios excessivos; ocorrência de compulsões, no mínimo, duas vezes por semana, no espaço de 3 meses; auto avaliação indevidamente influenciada pela forma e peso do corpo; o transtorno não ocorrer exclusivamente durante episódios de anorexia nervosa (DSM-IV, 1995).

De acordo com estudos apontados no DSM-IV (1995) encontra-se associação da bulimia nervosa, com transtornos de personalidade, principalmente o bordeline, transtorno de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, sintomas depressivos ou transtorno de humor como depressão maior e a distimia, abuso ou dependência e substâncias (álcool, estimulantes). Segundo a sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP, 1993), as pessoas portadoras dos transtornos acima citados apresentam tendências impulsivas que podem influenciar um comportamento suicida, sendo que o índice de mortalidade nos transtornos alimentares é de 10%.

Apesar da bulimia nervosa iniciar-se comumente na adolescência, ainda são poucos os estudos com essa faixa etária, embora alguns abranjam a adolescência e o início da fase adulta, buscando índices precoces de risco para o desenvolvimento da doença. O predomínio de estudos com participantes adultos talvez se deva ao fato da bulimia nervosa inicia-se no final da adolescência ou início da fase adulta, sendo o tratamento em geral procurado já na idade adulta e a maioria das pesquisas realizadas referir-se a pacientes em tratamento.

Etiologicamente as pesquisas ressaltam a complexa interação entre os fatores bioquímicos, socioculturais e psicológicos. A influência genética tem sido investigada, encontrando-se uma maior incidência de bulimia entre gêmeos monozigóticos. Outro aspecto estudado é a presença de depressão e de distúrbios alimentares nas mães de bulímicos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade

Autoras do artigo: Carla Eduarda Machado ROMERO, e Angelina ZANESCO

Estudos populacionais têm demonstrado que o excesso de tecido adiposo, principalmente na região abdominal, está intimamente relacionado ao risco de desenvolvimento de doença arterial coronária, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e dislipidemias. A maior parte dessas doenças está relacionada à ação do tecido adiposo como órgão endócrino, uma vez que os adipócitos sintetizam diversas substâncias como adiponectina, glicocorticóides, TNFa, hormônios sexuais, interleucina - 6 (IL- 6) e leptina, que atuam no metabolismo e controle de diversos sistemas.

LEPTINA

A leptina é uma proteína produzida principalmente no tecido adiposo.  Seu pico de liberação ocorre durante a noite e às primeiras horas da manhã. É responsável pelo controle da ingestão alimentar, atuando em células neuronais do hipotálamo no sistema nervoso central. Sua ação promove a redução da ingestão alimentar e o aumento do gasto energético, além de regular a função neuroendócrina e o metabolismo da glicose e de gorduras.

Existem dois tipos de receptores para a leptina, o ObRb, com maior expressão no hipotálamo, e ObRa, encontrados em outros órgãos como o pâncreas nas células alfa e gama das ilhotas de Langerhans.

A leptina reduz o apetite a partir da inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite, como o neuropeptídeo Y, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos anorexígenos (hormônio estimulante de α-melanócito (α-MSH), hormônio liberador de corticotropina (CRH) e substâncias sintetizadas em resposta à anfetamina e cocaína.

A hiperleptinemia, encontrada em pessoas obesas, é atribuída a alterações no receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de transporte na barreira hemato-cefálica, fenômeno denominado resistência à leptina  semelhante ao que ocorre no diabetes mellitus. Friedman & Hallaas verificaram que, em quatro semanas de administração exógena de leptina, tanto em indivíduos eutróficos quanto obesos apresentaram perda significante de peso. Entretanto, essa redução só foi verificada quando os indivíduos não apresentavam hiperleptinemia, pois a administração de leptina em obesos com hiperleptinemia não provocou qualquer alteração no peso corporal destes indivíduos.
A leptina, além de seu importante papel no metabolismo, controla o sistema hematopoiético, o sistema imune, o sistema reprodutor e o sistema cardiovascular.

GRELINA

A grelina é um hormônio produzido no estômago. É um potente estimulador da liberação de GH, nas células somatotróficas da hipófise e do hipotálamo sendo o ligante endógeno para o receptor secretagogo de GH (GHS-R). Além de sua ação como liberador de GH, a grelina possui outras importantes atividades, incluindo estimulação da secreção lactotrófica e corticotrófica, atividade orexígena acoplada ao controle do gasto energético; controle da secreção ácida e da motilidade gástrica, influência sobre a função endócrina pancreática e metabolismo da glicose e ainda ações cardiovasculares e efeitos antiproliferativos em células neoplásicas.
Recentes estudos com roedores sugerem que a grelina, administrada perifericamente ou centralmente, independentemente do GH, diminui a oxidação das gorduras e aumenta a ingestão alimentar e a adiposidade. Assim, esse hormônio parece estar envolvido no estímulo para iniciar uma refeição. Sabe-se ainda que os níveis de grelina são influenciados por mudanças agudas e crônicas no estado nutricional, encontrando-se elevados em estado de anorexia nervosa e reduzidos na obesidade. A grelina está diretamente envolvida na regulação a curto prazo do balanço energético. Níveis circulantes de grelina encontram-se aumentados durante jejum prolongado e em estados de hipoglicemia, e têm sua concentração diminuída após a refeição ou administração intravenosa de glicose.
Achados sugerem que a contribuição da grelina na regulação pós-prandial da alimentação pode diferir dependendo do macronutriente ingerido. Sua concentração plasmática é diminuída após refeições ricas em carboidratos,e aumentada após refeições ricas em proteína animal e lipídeos, associados ao pequeno aumento da insulina plasmática.

Os recentes achados, envolvendo a descoberta da leptina e grelina, abrem novos campos de estudo para o controle da obesidade, principalmente nas áreas de nutrição e metabolismo.


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde proposta pela ANVISA!

ÁCIDOS GRAXOS

Omega 3
“O consumo de ácidos graxos ômega 3 auxilia na manutenção de níveis saudáveis de triglicerídeos, desde que associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

CAROTENÓIDES

Licopeno
“O licopeno tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Luteína
“A luteína tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Zeaxantina
“A zeaxantina tem ação antioxidante que protege as células contra os radicais livres. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

FIBRAS ALIMENTARES
“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

Beta Glucanas
“A beta glucana (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Dextrina Resistente
“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Frutooligossacarídeo - FOS
“Os frutooligossacarídeos – FOS contribuem para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Goma Guar parcialmente hidrolisada
“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Inulina
“A inulina contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Lactulose
“A lactulose auxilia o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Polidextrose
“As fibras alimentares auxiliam o funcionamento do intestino. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Psillium ou Psyllium
“O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Quitosana
“A quitosana auxilia na redução da absorção de gordura e colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

FITOESTERÓIS
“Os fitoesteróis auxiliam na redução da absorção de colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

POLIÓIS

Manitol / Xilitol / Sorbitol
“Manitol / Xilitol / Sorbitol não produz ácidos que danificam os dentes. O consumo do produto não substitui hábitos adequados de higiene bucal e de alimentação”

PROBIÓTICOS
Lactobacillus acidophilus
Lactobacillus casei shirota
Lactobacillus casei variedade rhamnosus
Lactobacillus casei variedade defensis
Lactobacillus paracasei
Lactococcus lactis
Bifidobacterium bifidum
Bifidobacterium animallis (incluindo a subespécie B. lactis)
Bifidobacterium longum
Enterococcus faecium

“O (indicar a espécie do microrganismo) (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.

PROTEÍNA DE SOJA
“O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis".

terça-feira, 3 de maio de 2011

Determinação de Resveratrol em sucos de uva no Brasil

Autores: Cláudia K. SAUTTER, Sandra DENARDIN, Audrei O. ALVES, Carlos A. MALLMANN,Neidi G. PENNA, Luisa H. HECKTHEUER
O resveratrol é uma fitoalexina produzido por diversas plantas como Kojo-kon, Kashuwu, eucalipto, amendoim, amora e também está presente em uvas. Na uva esta fitoalexina é sintetizada na casca como resposta ao stress causado por ataque fúngico, dano mecânico ou por irradiação de luz ultravioleta. O resveratrol é sintetizado naturalmente na planta sob duas formas isômeras: trans-resveratrol e cis-resveratrol. O isômero trans-resveratrol é convertido para cis-resveratrol em presença da luz visível, pois esta forma é mais estável.

O trabalho objetivou avaliar a presença destes isômeros nos sucos de uvas tintas elaborados no Brasil. Foram adquiridas no comércio de Santa Maria (RS), amostras de sucos de uva, de onze marcas comerciais diferentes, produzidos em diversos estados brasileiros. As amostras foram subdivididas segundo a classificação do tipo de suco, sendo eles: suco de uva integral, suco de uva reprocessado, suco de uva reconstituído e adoçado e néctar de uva.

Na tabela 4 podemos observar os resultados obtidos para polifenóis totais, trans-resveratrol e cis-resveratrol nos sucos de uva. As diferenças nas médias dos polifenóis totais dos sucos estão relacionadas aos diferentes processamentos empregados pela indústria.


Conforme FREITAS, os vinhos tintos no Brasil, da região de Bento Gonçalves, têm a concentração de polifenóis totais entre 491,4 a 1722,3mg.L para vinhos da cultivar Cabernet, entre 430,3 a 1992,6mg.L para vinhos da cultivar Merlot e 832,9 a 1932,9mg.L para vinhos da cultivar Tannat.

Os resultados obtidos neste trabalho, para suco integral e suco reprocessado aproximam-se dos valores dos vinhos tintos. Portanto, os sucos servem como fonte alternativa de polifenóis para a população abstêmia.

O suco reprocessado apresentou os maiores teores de resveratrol, tanto na forma trans quanto cis. Este suco, por passar pelo processo de pasteurização e de concentração a quente, possivelmente extraiu mais polifenóis e, conseqüentemente, o trans-resveratrol da casca da uva.

A concentração de trans-resveratrol nos sucos de uva produzidos no Brasil variou de 0,19 a 0,90mg.L e se comparados aos resultados obtidos por SOUTO et al., em vinhos tintos no Brasil apresentam cerca de 0,82 a 5,75mg.L de trans-resveratrol. Lembrando que os glicosídeos de flavonóides, os glicosídeos de resveratrol e o trans-resveratrol podem ser absorvidos do suco de uva pelo intestino delgado, em concentrações biologicamente ativas, é possível concluir que os sucos de uvas elaborados no Brasil são boas fontes de resveratrol para os abstêmios.
Artigo original disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/cta/v25n3/27008.pdf


segunda-feira, 2 de maio de 2011

Suco de acerola ou doses farmacológicas para suplementação de Vitamina C?

Artigo: Normalização dos níveis séricos de ácido ascórbico por suplementação com suco de acerola (Malpighia glabra L.) ou farmacológica em idosos institucionalizados
Flávia Queiroga ARANHA, Luiza Sônia Asciutti MOURA, Mônica Oliveira da Silva SIMÕES, Zianne Farias BARROS, Ivana Versianny Lira QUIRINO, Juliana Cavalcanti METRI, Jefferson Carneiro de BARROS.

Este trabalho teve como objetivo investigar o tempo necessário de suplementação com vitamina C, para a normalização dos níveis séricos de ácido ascórbico, em idosos institucionalizados do município de João Pessoa, Paraíba, Brasil. Simultaneamente, investigou-se os efeitos das formas de suplementação oferecidas, comparando-se a vitamina natural do suco de acerola com a vitamina sob a forma de fármaco.

A população estudada envolveu 112 idosos e destes, 43 apresentaram hipovitaminose C. A metodologia utilizada envolveu avaliação bioquímica e dietética.

Para a suplementação, a amostra foi determinada aleatoriamente através do sorteio entre os idosos que apresentavam hipovitaminose C; foram organizados três grupos, segundo o tipo de suplementação: grupo I, constituintes do controle, os quais não foram suplementados nesse período do estudo; grupo II suplementados com suco de acerola com teor de 500mg de vitamina C por porção; grupo III, suplementados com fármaco de 500mg de vitamina C. A suplementação foi oferecida num período de 30 dias consecutivos, no horário do lanche.

Ocorreu um aumento nos níveis séricos de Vit. C do tempo zero ao 10º e 20º dias de suplementação. As médias dos níveis séricos de ácido ascórbico foram semelhantes no 10º dia; no 20º dia, os dados indicam uma tendência de as mulheres apresentarem níveis mais elevados do que os homens, enquanto que, no 30º dia, verificou-se que os homens apresentaram valores superiores aos das mulheres. É interessante notar que, nas mulheres, houve diminuição significativa dos níveis séricos, do 20º para o 30º dia, enquanto que, nos homens, houve um aumento constante até o 30º dia (Figura 1).




Evidenciou-se que, no 10º dia de suplementação, os níveis séricos de ácido ascórbico dos idosos que receberam suco de acerola apresentaram-se significativamente superiores àqueles dos idosos que receberam comprimido, enquanto que, nos demais dias, os valores não diferiram significativamente. Não houve alteração significativa nos níveis séricos de ácido ascórbico, do grupo controle, durante o período de suplementação (Figura 2).





O quadro de carência de Vitamina C começou a melhorar a partir do 20º dia; no 30º dia, essa melhora foi bastante significativa.
É interessante notar que, já no 20º dia de suplementação, apenas 1 idoso do sexo masculino apresentou carência moderada, já com níveis muito próximos do normal. Esse dado reveste-se de importância indiscutível, ao se tratar de indivíduos institucionalizados que habitam asilos de poucos recursos, sem condições de oferecer-lhes suplementação vitamínica por longos períodos.

Sabendo-se que o organismo pode armazenar vitamina C, embora por pouco tempo (cerca de 29 dias), poder-se-ia reduzir o tempo de suplementação para 20 dias, alternando-a com 20 dias de dieta livre. O fato de haver uma leve queda dos níveis séricos de ácido ascórbico, após o 20º dia, reforça esta hipótese, uma vez que tal queda parece indicar maior eliminação após saturação das suas reservas.
A análise do consumo alimentar mostrou uma baixa ingestão de vitamina C entre os idosos estudados.

Considerando que, no 20º dia, o efeito da suplementação foi satisfatório, esse tempo poderia ser utilizado para idosos em geral e, em especial, para aqueles que vivem em instituições carentes, sendo o suco de acerola o tipo indicado, por ser um produto natural e de fácil aquisição.

Artigo completo disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rn/v17n3/21880.pdf